Em 1992 eu estava com 13 anos. Meu irmão e eu estávamos querendo um Super Nintendo. Começamos a negociar com o nosso pai e ficou acertado que o Super Nintendo seria o presente de aniversário para nós dois. Nesta época o Super Nintendo ainda não tinha sido lançado no Brasil, ainda era um produto importado. Como meu pai gosta de viajar, nós três fomos para Manaus nas férias de julho passear e comprar o Super Nintendo na zona franca.
Depois que compramos o Super Nintendo, eu não via a hora de retornarmos para Belém para que eu pudesse jogar. A pousada que ficamos em Manaus era simples e não tinha televisão.
Voltamos para Belém e chegamos de noite em casa. A primeira coisa que eu fiz com o meu irmão foi abrir a caixa do Super Nintendo para conectá-lo na televisão. Entretanto, ocorreu um imprevisto.
O Super Nintendo vem com um cabo de áudio e vídeo (aquele que tem os conectores amarelo, branco e vermelho) e com um cabo de antena VHF de enroscar. A televisão do meu pai não tinha entrada para o cabo de áudio e vídeo e a entrada de antena da televisão ainda era no formato que são dois parafusos que recebem o conector.
Nós precisávamos de um conversor para poder ligar o Super Nintendo na nossa TV. A imagem abaixo é do manual do Super Nintendo e ilustra como deve ser feita a conexão neste caso. A peça que estava faltando para nós é a que está com o nome "75 / 300Ω CONVERTER" no manual.
Imaginem a frustração que estávamos sentindo. Então lembramos que no quarto do meu pai tinha uma TV portátil colorida de 5 polegadas, e ela tinha os conectores coloridos para receber o cabo de áudio e vídeo. A TV portátil do meu pai era semelhante ao desta foto:
Corremos para o quarto do meu pai e conseguimos ligar o Super Nintendo na TV portátil. Pelo menos matamos a vontade de jogar naquele dia. O único problema era que por causa do tamanho da TV nós não conseguíamos diferenciar se o Mario estava na forma grande ou pequena. No dia seguinte compramos o conversor necessário para ligar na TV da sala.
Este é o Super Nintendo que possuo atualmente:
Neste período, praticamente todo fim semana eu alugava um jogo. Os tipos de jogos que eu alugava podem ser vistos nas capas das revistas GamePower de 1 a 20 que eu possuo.
A última revista GamePower que comprei foi a de número 20 que saiu em fevereiro de 1994. Nesta época eu já estava bastante dedicado à programação de jogos. No tempo que sobrava, eu jogava jogos de luta.
Devido ao enorme sucesso do jogo Street Fighter II no Super Nintendo, em quase toda esquina de Belém passou a ter alguma casa com vários Super Nintendos disponíveis onde você podia pagar para jogar Street Fighter II por uma hora.
Perto da casa do meu pai tinha uma dessas casas de games. Ela era mantida por dois irmãos. Fiz amizade com eles e frequentemente passava por lá para disputar Street Fighter II ou apenas para conversar com os meus amigos.
Durante o ano de 1994, o meu foco no Super Nintendo foi treinar para disputar em jogos de luta. Eu treinei pra valer nos jogos Street Fighter II Turbo, Mortal Kombat e Mortal Kombat 2:
As minhas habilidades de lutador virtual eram conhecidas nesta casa de games. Às vezes marcavam desafios comigo para o fim de semana. As disputas eram momentos muito emocionantes, com direito a torcida. Foram bons tempos vividos nesta casa de games.
Além desses jogos de luta, teve apenas mais um jogo que eu joguei em 1994, que foi o RPG Shadowrun:
Eu aluguei este jogo no início de 1994 e gostei muito da ambientação do jogo que possui uma temática mais madura. Por ser um jogo longo e complexo não dava para concluí-lo em um fim de semana. Mesmo que eu alugasse novamente, dificilmente ainda estaria lá o arquivo de save com o meu progresso.
Na locadora que eu aluguei o Shadowrun, tinha uma relação de jogos usados que eram vendidos a um preço acessível. Eram jogos que não eram mais alugados, por isso o dono colocava para vender.
Eu imaginava que o Shadowrun não era muito alugado nesta locadora, pois o estilo RPG não era muito popular, principalmente devido a dificuldade de entender os textos em inglês. Eu ficava enchendo a paciência do atendente da locadora perguntando quando eles iam colocar o Shadowrun na lista de venda dos usados, dizendo que ninguém alugava este jogo. Um dia quando voltei na locadora, o atendente me chamou e disse que conversou com o dono. O dono tinha autorizado a venda do Shadowrun para mim pelo preço dos jogos usados. Eu fiquei muito feliz.
Em relação à história do Shadowrun, logo nos primeiros minutos do jogo, o seu personagem é assassinado por uma gangue:
Em seguida, aparece uma raposa correndo em sua direção. Ao chegar do seu lado, a raposa se transforma em uma mulher e lança um feitiço em você:
Após isso, aparecem os agentes funerários e te levam para o necrotério. Você acorda dentro da gaveta do necrotério, confuso e sem lembrar de nada. Quando você abre a porta da sala que está, os agentes funerários se assustam e correm desesperados para outra sala. A porta deles está trancada e se você tentar conversar, eles respondem:
- Não tem ninguém aqui, só nós… ratos!
Shadowrun possui muitos ambientes interessantes. Em uma parte do jogo, temos de entrar no show da cantora de rock Maria Mercurial:
Através da tela de diálogos conhecemos vários personagens bem elaborados:
Shadowrun foi a minha última grande aventura no Super Nintendo. No final de 1994 eu parei totalmente de jogar videogames. Mas não foi por perda de interesse, foi uma decisão. Estava decidido a me dedicar integralmente à programação de jogos.
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